Eis que esse tremendo sumo das palavras
salta do copo e espalha-se na mesa
mas todos lemos nele a súbita promessa
de uma água de sons substantivos.
Eis que dos silvos se apercebe lume
neste Café de calor com garras de versos
pelas formas gramaticais desusadas
como um fruto amadurecido à estufa.
Ora, desse, vários outros lhe sucedem
mais maduros que salmos oratórios
e neles, um adjectivo desmancha – prazeres
apresenta queixa ao mestre escola.
Porque o sumo líquido se inverte
ao pousar de folhas impressivas
e vem o mote e fala com parêntesis
escorrendo na seiva do gerúndio.
Aqui a virgula e o ponto final “fazem as pazes”
escolhem a deriva lexical intensa
pelo desfiladeiro da nossa compreensão
iniciando um processo de proximidade .
Fernando Morais
5 comentários:
Amigo António Barbosa,
É só esforçar esse cérebro!
Nós nem somos muito exigentes... apenas se pede umas pequenas rimas , com quatro palavras obrigatórias...
O livro é absolutamente maravilhoso...totalmente fora do vulgar, e quanto ao café: não é para nos gabar...mas nós somos do melhor que há...e modestos também. Assim como assim, pelo menos a gargalhada é garantida!
Ò Inês:
Vou puxar pela cachola
Ora aqui vai:
A minha bicicreta tinha a roda partida
Fui tê c'a minha nega que tava no café
....
Comecei bem?
Ò Inês:
Vou puxar pela cachola
Ora aqui vai:
A minha bicicreta tinha a roda partida
Fui tê c'a minha nega que tava no café
....
Comecei bem?
BigKiss, sem conhecer mais nenhum outro poema candidato, digo ja k este me fascinou!! Força!! Bora lá acabá-lo que pelos vistos promete!!
Amar sem ser correspondido
E estar-se disso consciente...
Não. Não é ser-se inteligente
É estar-se no mundo perdido.
É ter-se perdido a razão
É abrir os olhos e não ver
É teimar e pedir em vão
O que jamais se pode ter.
É ir na direcção errada
É não ver o que está visto
É ter tola esperança em nada
É estar louco e dar-se por isso.
É ser-se ladrão no luar
Ladrão da noite, encapuzado.
É sempre querer arrombar
Um cofre que está bem fechado.
É amar e sofrer sem dizê-lo
Não magoar e ficar magoado.
É querer o tesouro amado
E fingir que se tem, sem tê-lo
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