quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A César o que é de César

Esta semana, vi-me a braços com uma valente dor de garganta, talvez devido às condições meteorológicas....muito frio e nada de chuva.
Pela manhãzinha olhei para o espelho, abri a boca e ups...um pontinho branco lá no fundo ao pé da epiglote (ai que fina, a segunda palavra cara, óó).
A tragédia, o drama, o horror... os meus amigos mais sofredores das amígdalas sabem que a gente ou ataca a tempo os malditos estreptococos com antibióticos ou então... da penicilina não se livra, e olhem que essas injecções são mesmo, mesmo dolorosas...o meu rabinho sabe do que falo...
Eu, pela minha parte dirigi-me ao Centro de Saúde cá do burgo a fim de solicitar consulta ao meu médico assistente....ora vejam lá a minha sorte: estava de férias (Ai como eu gostava de trabalhar para o patrão Estado!!).
A atenciosa senhora do guichet, perguntou-me se era muito urgente ou se eu podia esperar pelo regresso do médico, ao que eu respondi que não podia, que era caso de vida ou de morte...
Então, ela toda simpática sugeriu que esperasse até às 17:30, que o médico de recurso atenderia. Seria então a terceira vaga....Hurrá!!! Bem, pelas minhas contas, lá para as seis menos um quarto já estaria despachada (cá para nós que ninguém nos ouve...as consultas no SNS não demoram mais do que cinco minutos, pois não??).
Disposta a esperar, fui buscar um HiperDisney à estante das crianças (a alternativa era ver um filme do Ruca). Algum de vocês se lembra como era a Caixa (Centro de Saúde) na nossa infância? Um cheiro a remédio tal, que a pessoa até agoniava, ou então uma fila tão grande de doentes, que se a pessoa entrava para fazer um penso, saía de lá com uma tuberculose....
Agora nãããã, tudo limpinho, ambiente climatizado, cadeiras estrategicamente localizadas, para não haver concentração de pessoal..., e televisão e dvd, e livros intantis...
Eu estava toda entretida com as histórias do Peninha & Cª, e realmente à hora marcada, ouvi o doutor chamar pela primeira vaga, depois pela segunda, e eu já em pulgas para saltar da cadeira, quando vejo que o médico veio cá fora...logo se levanta um cavalheiro, e vai de passó-bem, um abracinho, como está senhor doutor e upa toca a ir na minha vez...
Voltamos outra vez à infância, ou pré-adolescência: quem não se lembra da fila para o confesso na Igreja, aí com uns cinquenta fedelhos à nossa frente e quando chega à nossa vez, sai uma velhinha toda lestre do banco de trás e toca a ajoelhar em frente ao padre deixando-nos a alma emparvecida. Isso a mim aconteceu-me inúmeras vezes. O problema estava que eu de cada vez que isso acontecia, tinha que juntar mais meia dúzia de pecados à lista....
Voltando a o presente! De repente, ouço uma voz feminina a chamar o meu nome... dirijo-me ao gabinete e...era a médica de recurso, do médico de recurso....
-Então como está? - Pergunta ela.
-Estou um pouquinho mal, dói-me a garganta e acho que já tem pus...
-E tem febre? - Torna ela.
-Acho que não.- Digo eu.
Saca então de um instrumento da tortura (um pauzinho, que tem por vocação pôr as pessoas a vomitar) e uma luzinha...
-Ah! Isso são restos da alimentação...- Diz-me a doutora.
-Pode lá ser, srª Doutora, se me dói tanto a garganta!!!
-Ora abra lá mais um bocadinho se faz favor. E eu já com meia língua dependurada, truc, truc e sai o pretenso pus muito branquinho no pauzito...
Sabem que mais? Se eu tivesse ali mesmo um buraco onde me enfiar, eu não perdia a ocasião... Depois de muitas desculpas, ora essa não tem de quê, lá saí eu do Centro de Saúde, agradecendo a Deus o facto do meu médico de família se encontrar ausente, que eu cá tenho uma reputação a manter!!

Inês

2 comentários:

Anônimo disse...

Coitados dos velhinhos doentes de verdade que sofriam na entrada à espera que uma marmanjona, que estava ocupar um médico, saísse de lá de dentro.
Devias era ter ido micar o médico e calhou mal.
Ipocondriaca :p

Anônimo disse...

Tu és um postal mesmo!! Posso ouvir esta história 500 vezes que me desmancho sempre a rir, isto pq imagino logo a tua figurinha quando a senhora doutora sacou de la de dentro o ultimo pedaço de arroz, que coitadito, já não cabia na pança e lá se ficou pelo goto!!